PARÓQUIA

BEM-VINDOS À PARÓQUIA DE TREVÕES

Vinculada à Catedral de Lamego desde o século XIII a paróquia de Trevões constituiu-se muito antes, como território autónomo. Embora alguns autores fantasiem sobre as suas origens e nome, uns, associando-as à mítica Tribula (cidade mencionada nas lutas entre o exército romano e Viriato), e outros à flora ou especial clima da região, os testemunhos da Romanização assinalam uma arraigada e longínqua permanência humana.
Porém, só os documentos nos permitem afirmar que no ano de 960 o topónimo Trevules aparece pela primeira vez referido no testamento de uma dona portucalense, D. Fâmula. À sombra do castelo de Penela, que sustinha o avanço muçulmano, Trevões cresceu como importante núcleo de cristianização materializado em redor da sua igreja, cuja construção ainda hoje revela vestígios da fábrica românica.
Através do apoio régio e da intervenção dos bispos de Lamego a vila de Trevões construiu-se um importante centro social e económico entre o Douro e a Beira. O rei D. Dinis concedeu-lhe carta de feira franca permitindo que, durante três dias, chegassem a Trevões as rotas e os produtos comerciados na península ibérica. Os bispos concederam-lhe o estatuto de câmara eclesiástica, onde pousavam nas suas deslocações pela região de Entre Côa e Távora.
E a nobreza local, participante da Expansão Ultramarina e nos negócios de Estado, tratou de enaltecer a sua linhagem e a sua terra, dotando-a de um conjunto de casas nobres e respetivas capelas, património que testemunha tempos florescentes.
Nesse sentido, os séculos XVII e XVIII foram de apogeu. As pequenas artérias com alguns exemplares de casas manuelinas foram pontilhadas por novas habitações barrocas, cujas janelas de avental, vistosas pedras de armas e capelas demonstraram o gosto e o poder dos seus senhores. Também os bispos de Lamego, comungando deste gosto e do mesmo estatuto não deixaram de afirmar o seu nome em Trevões, ao construir em 1787 um sumptuoso paço e ao investirem numa igreja ao gosto da Contra-Reforma. Destacam-se, entre a lista de bispos que assumiram o título de abade de Trevões, os nomes de D. António de Vasconcelos e Sousa e D. Manuel de Vasconcelos Pereira, cujos emblemas heráldicos resistiram, quer no paço, quer na capela-mor da igreja matriz.
Atualmente integrada no Douro vinhateiro, a vila de Trevões restaura a sua importância económica e, através do seu património, o seu lugar cimeiro cultural no contexto diocesano e regional.

SOBRE O PÁROCO DE TREVÕES

paroco

Pe. Amadeu da Costa e Castro, filho de Bernardino da Costa e Castro e de Carminda da Costa.
Nasce a 3 de Maio de 1971 em Gosende, Concelho de Castro Daire, Distrito de Viseu.
Ordenado a 23 de Novembro de 1997.
Celebrou a primeira missa a 30 de Novembro de 1997.
Pároco de Trevões a partir de Janeiro de 1998.

Pe. Amadeu da Costa e Castro

Pároco de Trevões desde Janeiro de 1998

PATRIMÓNIO RELIGIOSO

Igreja de Santa Marinha de Trevões

Esta igreja tem por orago Santa Marinha, uma das nove irmãs martirizadas no sec. II. Que foi perseguida por se converter o cristianismo, acabando por ser degolada após sucessivas torturas, das quais saia miraculosamente curada.

 

A antiguidade da devoção a esta santa e à referente paróquia remontam as inquirições de D. Dinis em 1258, isto leva a afirmar que a sua fundação é anterior ao sec. XIII, vindo talvez do sec. XII, quando foi dada carta de povoamento a D. Fernão Mendes e D. Sancha Henriques. A torre sineira foi demolida no sec. XVIII, e foram encontradas pedras sigladas e com inscrições, incorporadas na nova estrutura e há também referencia de sepulturas cavadas no seu adro.

 

Do antigo edifício construído entre os séculos XII e XIII, resta parte de uma pilastra com friso entrelaçado e arranque de arco, junto ao altar do Espirito Santo, e uma pequena pia de água, colocada a entrada da igreja. A restante obra pensa-se ter sido construída por volta dos séculos XV e XVI, como parecem indicar os cachorros do portal principal e do arco triunfal, e a cachorrada no interior da capela-mor, de iconografia e talhe bem mais próximos das linguagens do gótico final. O edifício esta em excelente estado de conservação, apresenta fachada austera, onde se rasga grande portal de arco apontado, sobrepujado por janelão de traça setecentista. Ao lado da fachada a imponente torre mandada construir pelo Bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira em 1775. Na fachada sul os cachorros decoram a capela-mor.

 

O interior da Igreja tem piso lajeado com tampas sepulcrais e tecto revestido a caixotões ornados por volutas e anjos. Sobre a entrada ergue-se o coro alto, construído em 1857, assente em colunas de pedra, onde se incorporam as pias de água benta. À entrada a pia baptismal é de granito ornamentada de gomos e encordoados, datável dos séculos XV e XVI.

 

Ao lado direito enquadra por um arco de volta perfeita com meia de calote esférica, à laia de arco triunfal de gosto renascentista, encontra- se a capela do Espirito Santo, datada de 1596, com escultura da santíssima trindade. No século XVIII eram seus administradores Baltazar de Almeida Camelo, capitão e monteiro- mor de Trevões, e Bernardo de Figueiredo, de vila Meã. Junto a ela encontram- se duas sepulturas, uma das quais de difícil leitura pelo desgaste da inscrição. A outra com o brasão dos Almeida, pertence a Francisco Xavier de Almeida, ali sepultado em 1625.

 

Na parede por trás do retábulo-mor foram recentemente encontrados dois painéis de pinturas a frescos, datáveis do século XVI. Foram executados sobre parede de xisto, diferente do observado no exterior da capela, o que pode apontar para a existência de uma estrutura anterior. O painel esquerdo tem pintado baldaquino, ladeado por dois anjos que abrem o pavilhão de modo a deixar ver o sacrário, embutido na parede. O rodapé é decorado por friso vegetalista sobrepujado por uma inscrição em alfabeto gótico anguloso, escrita e utilizada até 1531. O friso, truncado em diversos pontos, pode prolongar- se para o lado direito, para baixo do altar, e talvez fosse precedido por outro, na parede lateral esquerda. O que se consegue ler actualmente é:« MORDOMOS *(…)* DAS VISITAS * G(…)R * RABELO *h(…)». a parede central tem representada Santa Marinha, empunhando palma de martírio, com cabelo toucado e vestindo trajo quinhentista.

 

Dentro do espolio da igreja de Santa Marinha há ainda dois importantes objectos a referir, embora guardado em outros locais. Trata-se de uma custódia de prata dourada com cabochões esmaltados. Obra espanhola do século XVII apresenta uma base circular decorada por cartelas com esmalte, relicário enquadrado por colunelos com pendentes e colunas que suportam entablamento, sobre o qual repousa corpo arquitectónico de arcarias com abobada encimada por crucifixo. A custodia encontra- se no Museu Nacional de arte antiga desde 1883, após ter sido cedida para exposição de Arte Ornamental realizada em Lisboa, no palácio das janelas Verdes no ano de 1882.

 

Na mesma mostra foi exibida uma magnifica imagem de Nossa Senhora da Conceição, oferecida à paróquia por Nuno Caiado de Gamboa, em 1600. Este em marfim indo-europeu, talhado em dente de cavalo marinho, com impressivo movimento e volumetria, tem cerca de 30 cm e é composto por duas peças, além da coroa de ouro branco. Nossa Senhora, de olhos rasgados e face delgada, é representada de mãos postas, manto de onde saem longos e ondulados cabelos, repousando delicadamente sobre crescente luar. Este sobre globo onde se enrosca um dragão, com romã na boca.

 

A imagem distingue-se pelas suas reduzidas dimensões e pela qualidade do tratamento dado ao corpo do dragão, bem como o manto e o vestido de Nossa Senhora, com barra trepanada, emitindo rendilhados, e pregas ondulantes, criando uma ilusão de leveza etérea.

A obra é secretamente guardada entre os paroquianos, que nunca divulgam o seu paradeiro, saindo a público apenas no dia da procissão.

Capela do Mártir São Sebastião

Esta capela situa-se no lugar da Devesa.

Esta é a capela mais antiga datada dos séculos XV e XVI para confirmar a sua antiguidade podemos destacar o portal em arco levemente quebrado, os poiais que correm nas paredes laterais do corpo da capela, estes elementos são raros na arquitectura portuguesa.

 

O seu recheio destaca-se um elegante púlpito de granito de 1611, e a imagem de S. Sebastião, em pedra calcaria, já muito repintada, cujos elementos iconográficos permitem datar do século XVI.

Capela da Senhora da Piedade

Situa-se também na Devesa mais acima da capela de S. Sebastião, dentro do cemitério.

 

Tem retábulo de talha dourada e policromada rocaille, albergando as imagens de Cristo crucificado, do senhor de cana verde e de S. João evangelista, de boa escultura. A imagem de Nossa Senhora da Piedade está colocado num altar lateral.

 

Esta capela é datada de 1835. Actualmente tem funções de capela cemiterial, sendo muito visitada no dia dos Fiéis Defuntos.

Capela de Nossa Senhora da Graça

Esta capela situa-se no largo da Senhora da Graça. Foi reedificada no século XVIII pelo desembargador Jerónimo de Lemos Monteiro, tendo inscrita na frontaria a data de 1773.

 

No seu interior sobressai o retábulo já muito repintado, mas conservando boas pinturas sobre tábua de s. Gregório e Santa Eufemia, enquadrados por arcarias.

 

O remate da estrutura devia conter outra pintura, entretanto desaparecida.

 

A imagem da padroeira de pequenas dimensões, é de vestir, com mãos e cabeça de madeira estofada. Por de trás do altar foi deixado uma parede sem reboco, um arco de granito, possível renascentista.

Capela de Santa Bárbara

Situa-se no fundo da vila, para poente num pequeno largo localização pouco vulgar uma vez que a padroeira das trovoadas consuma-se localizar em sítios altos.

 

No exterior da capela estão as palmas do martírio e inscrita a data de 1686.

 

No interior, de reduzidas dimensões, guarda retábulo de talha dourada onde está colocada a imagem de Santa Bárbara, de madeira estofada.

Capela de Santo António

Encontra-se no extremo sul da vila. Apesar de inúmeras intervenções está conserva o portal de arco quebrado com intradorso chanfrado, estilo gótico.

 

Do lado direito do portal sobressai uma pequena cruz sobre peanha, que também encontramos na capela de S. Sebastião.

 

O interior é lajeado a xisto, exibe um retábulo de madeira muito repintado, albergando as imagens do padroeiro.

Capela de São Paio e Santa Rita

Situa-se fora da povoação numa serra com o seu nome do padroeiro, onde se desfruta de uma magnifica vista panorâmica de Trevões.

 

É dedicada a S. Paio, mártir cordovês o sec. XIX a quem o povo pede auxilio quando está com febres.

 

Venera-se este Santo em conjunto com Santa Rita, antigamente no último Domingo de Agosto, em que a população seguia monte a cima levando farnel, e aqui passavam o dia junto a ermida em grande festa com missa campal, comezaina e bailarico.

 

Agora festejado no dia 26 de Junho, na vila.

Nicho do Senhor da Boa Passagem

Situa-se a saída da povoação, na estrada que leva ao Castanheiro do Sul.

 

Lembrando aos viajantes os duros e perigosos caminhos a percorrer.

Capela de Nossa Senhora da Conceição

Trata-se de uma capela privada, situada na praça da vila, do século XVII. Foi considerada imóvel de interesse público em 1970.
A fachada apresenta um portal rematado por frontão interrompido, de onde emerge um janelão de molduras lavradas, coroado por frontão recortado com cruz e pináculos . a empena guarda a pedra de armas dos Almeida, Coutinho e Caiado.

 

 

O interior foi decorado por Pascoal Parente, que pintou o tecto com S. Miguel rodeado de anjos e falsas arquitecturas em perspectiva ao modo Italiano. As paredes foram recobertas de frescos representando quatro Virtudes (Temperança, Prudência, Justiça e Fortaleza). O retábulo, em talha dourada e policromada, com motivos de estilo rocaille, é decorado por excelente tela pintada com a imagem da padroeira.

FESTAS E ROMARIAS

Neste contexto inclui-se as festividades em honra de S. Paio, em tempo festejado na capela situada na serra com o seu nome, no dia 26 de Junho.

A procissão ía da igreja até à ermida na serra. Aí chegados festejavam com uma missa, merendas, bandas de música e fogo de artifício.

Entretanto desenvolveram-se rivalidades com os habitantes de Penela da Beira que também queriam o Santo para si. Por isso, quando chegavam à encosta da qual se começava a avistar terras de Penela da Beira, viravam o Santo de costas (às arrecuas) até chegar à ermida.

A tradição já não é o que era e actualmente S. Paio festeja-se juntamente com Santa Rita, na Igreja Matriz e na praça no dia 26 de Junho.

A festa inicia-se no dia 23 de Junho festejando-se também o S. João. No dia 25 faz-se o arraial da festa e um baile.

No dia 26 de Junho inicia-se o dia principal da festa com a alvorada às 6h. Por volta das 8h a banda começa a percorrer as ruas da vila apanhando, ao longo do percurso, alguns andores que ainda não estão na Igreja para a missa e procissão.

A missa é celebrada por volta das 11h acompanhada pela banda à qual se segue a procissão.

De tarde a banda toca na praça até às 20h.

Por volta das 21h com a actuação do conjunto musical encerram-se as festividades.

 

outras festas e romarias

 

A 6 de Agosto festeja-se a Srª. da Graça. É festejada no largo com o mesmo nome onde está localizada a capela. Esta festa, para além do carácter religioso tem também o carácter profano com arraial e conjuntos musicais.

 

A 4 de Dezembro tem lugar a festa de Santa Bárbara com uma missa na capela com a mesma invocação.

 

O Sr. da Boa Passagem celebra-se no domingo mais próximo do dia 9 de Maio, junto ao seu nicho no lugar da ribeira.

 

A Santa Marinha, padroeira da freguesia, apenas se celebra uma missa no dia 18 de Julho. Esta festa, em tempos, durava três dias.
As vindimas e a safra da azeitona também eram motivos de grande festa mas, apenas revestidas de carácter profano.

 

tradições populares

 

Trevões é uma freguesia rica em tradições e manifestações de carácter cultural; podemos nomear as Marchas de S. João, o magusto comunitário e o cantar das janeiras.

 

Existe outro conjunto de carácter étnico-cultural associado a cada um dos meses do ano, juntando o profano ao religioso e a superstição ao religioso:

  1. Em Janeiro cantam-se as Janeiras e os Reis.
  2. Em Fevereiro, faz-se a procissão da Senhora das Candeias. De acordo com a sabedoria popular, procedia-se à previsão do tempo dizendo que “se a vela rir está o inverno para vir, se a vela chora está o inverno fora”.
  3. Em Março, serrava-se a velha e adivinhava-se o destino com favas. Faz-se a procissão do Senhor dos Paços, em simultâneo com a representação da via – sacra, com quadros vivos pelas ruas da vila.
  4. Em Abril, no Domingo de Ramos, não comiam hortaliças para as couves não virem a ter lagartas.
  5. Em Maio realiza-se a procissão do dia 13 a Nossa Senhora de Fátima, que antigamente era precedida de três dias de canto das ladainhas recomendando as culturas. Fazia-se a benção do pão, Exposição do Santíssimo Sacramento e ofertório com as espigas.
    Tinha lugar a festa do Espirito Santo. No Corpo de Deus, vestiam-se os anjinhos e tosquiavam-se as ovelhas.
  6. Em Junho organizava-se a festa de Santo António. Todo o lavrador rico guardava dia santo e havia um grande baile. Festejava-se também o S. João fazendo barracas, cascatas e fogueiras.
  7. Em Julho, realizava-se a festa de Santa Marinha, padroeira da freguesia, com a festa das padeiras (que se encarregavam de enfeitar o altar da Santa) em que participava muita gente. Havia lugar a um procissão pelo povo e missa cantada em latim.
  8. Em Agosto, faziam-se as malhadas ao mangual, acompanhando sempre a actividade com canções. Festejava-se a Assunção de Nossa Senhora com uma procissão em volta do povoado, havendo também baile no adro com realejos e cantares.
  9. Em Setembro deslocavam-se à Senhora do Monte (a 1 de Setembro, feira anual municipal), os cesteiros faziam cestas para irem vender à Santa Eufemia, no dia 16, onde também iam pais, filhas e namorados para comprar o enxoval e as meadas de linha para fiar. Vendiam a cevada, trigo e pão cozido.
  10. Em Outubro iam nas rogas para as quintas do Douro.
  11. Em Novembro, furava-se o pipinho, matava-se o porquinho e escoiçava-se o soitinho. Tinha-se o hábito de tocar a caldeira para mandar o inverno embora. Lavavam também o trigo para o moer e fazer as filhós. Actualmente tem lugar o culto aos mortos, enfeitam-se as campas e faz-se o magusto.
  12. Em Dezembro, fazia-se a novena da senhora da Conceição, terminando com festa a 8 de Dezembro. Fazia-se também a novena ao menino. Durante este mês tinha lugar a safra da azeitona com festa das filhós no final.

Relacionado com esta actividade existia um outro costume, hoje relembrado pelo Rancho Folclórico, e que era o toque da buzina. A buzina era usada para juntar as pessoas para a apanha da azeitona, através de vários toques: o primeiro, pelas 5 horas da manhã, levantava as pessoas que acendiam a fogueira e tratavam dos animais; pelas 6 horas ouvia-se o segundo toque, saíam de suas casas, juntando-se no largo da devesa, depois de terem comido uma tigela de sopa e batatas; ao terceiro toque, pelas 6.30 horas, partiam para o trabalho nas quintas.

CONTACTOS

Morada: Rua Fonte do Concelho, 14,

5130-421 Trevões

pe.amadeu@trevoes.net

912 240 727

(chamada para a rede móvel nacional)